Doenças como a varíola e poliomielite foram erradicadas no Brasil, graças à vacinação. Se seguirmos o mesmo caminho, em breve poderemos assistir também a erradicação do câncer de colo do útero.
Vacinar crianças e adolescentes contra o HPV (papilomavírus humano) é uma estratégia de saúde pública. A recomendação, chancelada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), tem como objetivo reduzir a circulação desse vírus que sexualmente transmissível e causador de diversos tipos de câncer, com destaque para o tumor de colo de útero, que mata no Brasil, cerca de 16 mulheres por dia.
Um estudo britânico demonstra o alcance e sucesso dessa estratégia de vacinação. Publicado no jornal científico The Lancet, cientistas da Universidade King’s College, no Reino Unido, onde a campanha de vacinação começou em 2008, investigaram o impacto do imunizante entre vacinadas e não vacinadas.
Eles concluíram que quem recebeu a vacina com 12 ou 13 anos apresentou, na fase adulta, uma redução de 87% no risco de desenvolver o câncer de colo de útero em comparação com quem não havia se vacinado.
No Brasil, esse tumor é a quarta causa de morte por doenças oncológicas entre mulheres. O programa de vacinação começou por aqui em 2014 para meninas de 11 a 13 anos. No ano seguinte, a faixa etária baixou para 9 anos e, depois, os garotos também entraram na campanha. Os meninos atuam como transmissores do vírus, e com eles imunizados, é possível reduzir a taxa de contaminação na população em geral. Além disso, os garotos ainda ficam mais protegidos contra cânceres de pênis, orofaringe e anal.
O HPV e a ação das vacinas
Embora na maioria dos casos, o sistema imunológico elimine o vírus, alguns tipos de HPV tem potencial oncogênico, podem levar à formação de verrugas genitais e/ou alterações pré-tumorais no colo do útero, favorecendo, assim, o aparecimento de um câncer.
As vacinas miram naquelas cepas que podem provocar doenças mais graves. Há cerca de 15 tipos oncogênicos, sendo que dois deles, o 16 e o 18, estão por trás do câncer de colo de útero. Por isso, os primeiros imunizantes focavam nessa dupla. Com o decorrer dos anos, as vacinas foram aprimoradas e chegamos até à injeção nonavalente.
Tipos de vacina:
Bivalente: proteção contra os vírus 16 e 18, que respondem pela maior parte dos casos de câncer de colo de útero. É indicada só para mulheres. O número de doses muda conforme a idade só está disponível na rede privada.
Quadrivalente: protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18. Ela evita lesões genitais pré-cancerosas do colo do útero e vulva nas mulheres, e anal em ambos os sexos. O número de doses muda conforme a idade. Disponível para crianças e jovens pelo SUS.
Nonavalente: mira nos tipos 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58. Ela reduz o risco dos cânceres de colo do útero, vulva, vagina, ânus, pênis e orofaringe, além de proteger contra alguns tumores de cabeça e pescoço. É tomada em três doses, mas só está disponível na rede privada. É indicada para meninas e mulheres de 9 a 26 anos de idade, e homens de 9 a 26 anos, segundo recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Quem o SUS vacina contra o HPV?
Reforçando: no sistema público, é possível tomar a vacina quadrivalente (contra os tipos 6, 11, 16 e 18 de HPV). Ela é indicada aos seguintes grupos:
- Meninas de 9 a 14 anos
- Meninos de 11 a 14 anos
- Mulheres imunossuprimidas de 9 a 45 anos
- Homens imunossuprimidos de 9 a 26 anos
Nenhuma das vacinas contra o HPV é terapêutica, ou seja, não há eficácia contra infecções ou lesões já existentes, por isso a importância de adotar um comportamento sexual seguro e realizar também os exames preventivos.
Vamos deixar um legado para as gerações futuras, estimulando e apoiando a vacinação de crianças e jovens contra o HPV.
Janeiro, o mês colorido de verde piscina, para alertar e conscientizar sobre a prevenção do câncer de colo do útero.
Oncocenter, de JANEIRO A JANEIRO, dedicada a você!
Fontes: INCA, Ministério da Saúde, Universidade King’s College